Com o texto evangélico de hoje começa o discurso propriamente dito do Pão da Vida, que é o próprio Jesus. Esta pregação reflete o gênio construtivo do evangelista João, semelhante ao modo como o discurso da montanha revela a habilidade de Mateus. Pois bem, na passagem que hoje lemos do Pão da Vida sublinha-se fortemente a vontade salvadora de Deus Pai, por intermédio do Seu Filho, Jesus Cristo.
Por isso o Todo-poderoso não quer a morte do pecador, mas sim que este se converta e viva e enviou o Seu Filho ao mundo não para condenar o homem, mas para o salvar.
A todo o que se aproxima d’Ele, Jesus não o afastará – alusão à expulsão do paraíso, como víamos ontem -, porque a “vontade do Pai é que todo o que vê o Filho e crê n’Ele tenha vida eterna; e Ele o ressuscitará no último dia”. Daqui se depreende que não há elites privilegiadas nem monopólios a respeito da salvação de Deus por Cristo. O seu destinatário é todo o homem e mulher que, reconhecendo-se pecador e necessitado de cura, crê em Jesus Cristo, o Filho ressuscitado de Deus.
Este é o núcleo do Evangelho, isto é, da Boa Nova que iam difundindo os membros dispersos da perseguida comunidade de Jerusalém, como vemos na primeira leitura. É a lei do crescimento da semente do Reino: pela perseguição e pela cruz com Cristo, o grão de trigo produz uma colheita esplêndida ao morrer no sulco. Assim a diáspora, que a perseguição da primitiva comunidade de Jerusalém provocou, contribuiu para a difusão do nome de Cristo entre os samaritanos, cuja cidade se encheu de alegria pela atuação do diácono Felipe.
Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova
*Cf. B, CABALLERO. A Palavra de cada dia. p. 205-206. Paulus: 2000.